quinta-feira, 23 de julho de 2009

Menos Emergências

















Um grupo de pessoas senta e conta histórias. A primeira é sobre uma mulher que percebe que seu casamento foi um erro, mas continua lá, cúmplice do marido em viver uma mentira pública, enquanto alimenta dor e violência a portas fechadas. Na segunda, ocorreu um massacre escolar do tipo Coloumbine; na terceira, o filho do casal da primeira peça está trancado numa torre, enquanto a violência parece tomar conta do lado de fora.

Quem são estes contadores de histórias? Atores em uma peça? Produtores discutindo um roteiro? De onde vêm estas histórias? Na era de Hollywood e do noticiário 24 horas, é possível reagir de modo espontâneo aos eventos no mundo à nossa volta, ou pelo menos às crises emocionais das nossas próprias vidas?

Com nossas imaginações colonizadas pelo constante bombardeio de imagens – e, no caso de eventos mais violentos, pelo bombardeio de especulações psicológicas que os acompanha – é difícil imaginar que nós conscientemente "atuamos" nosso caminho no mundo real, com o filme de nossas vidas rodando sem parar em nossas cabeças, conosco no papel principal e todas as reações mediadas pelo olhar do roteirista e da câmera?

Este é um assunto que vem ocupando o centro da cena atualmente, com a última obra de Mark Ravenhill dissecando raivosamente a máquina de sonhos de Hollywood, e agora um tríptico de perversos contos de fada modernos, de Martin Crimp, que trazem o pesadelo de volta ao lar e te cravam um punhal na alma.

As lendas desesperançadas de Crimp são ainda mais terríveis por serem alicerçadas tão precisamente no crescimento da classe média, onde o culto à civilização esconde a ira e o vazio, onde a felicidade é sacrificada em troca de uma bela mesa feita à mão, a verdade é trocada por mentiras fáceis e trancamos nossas crianças em face do verdadeiro horror.

Lyn Gardner The Guardian


Um comentário:

Lionel Messi disse...

טוב

תודה

הנושא של יותר נפלא